sexta-feira, 13 de abril de 2007

O Viagente

O sol nascente soprava o primeiro calor sobre o verde trigueiro, pincelava tons quentes no rosto do Viagente que errava, vigorosamente, tacteando palavras com pés descalços. A paisagem era verdadeira desde o princípio de si até ao limite da sua existência – havia um halo de ser que o impelia a abrir os braços até ao horizonte. Perto, um regato descia os degraus cavados nos seixos, comprometendo o trigo numa música ondulante, que o Viagente cantava. Em harmonia, frases virginais em melodia salpicavam de finitude o temperamento vital da vontade humana. Animado pela interioridade da sua existência, calcorreia a terra batida dos antepassados, lavrando o traço da sua silhueta com os pés.

A erva ameniza o seu carácter e leva-o à constatação da sua verdade. Em acção-pensante, olha a água, dando-se à luz, em presenças sincopadas, em cada passo que constrói. Sou um pedaço de verdade que partilha do pluriverso da humanidade.

Nesta aparente diminuição do ser, encontra o seu limite existencial – universal e diminuto. Existe em encruzilhada! Eis um bom momento para decidir o caminho. No cruzeiro-chão, a terra batida era cravada pelos passos do Viagente, os olhos no chão curvam-lhe o dorso com o fardo da decisão. Por onde seguir? Que caminho escolher? Sobre a esquerda, a estrada alongava-se rectamente, palmilhando um muro que lhe acabava a visão. Do outro lado, o cajado fendia a secura quente que o vento trazia. Diante, o horizonte estava plantado junto à ansiedade. Havia um sopro de vontade que lhe cadenciava os passos.

Segue Viagem, pisando trilhos de linhas que carroças deixaram presas ao tempo. São chiares e rangeres… restos de uma música tocada por um outrem passado. Músicas deixadas em liberdade infinita, que ousa tanger. Salta, brincando em tonalidade de um Sol maior, compassando-se em quaternários. Percebe nas palpitações ulteriores a presença do Homem, por isso deseja preencher os silêncios com as notações pulsantes de si. Energicamente, aproxima com doçura os lábios da boquilha. Solta, de dentro de si, um sopro seminal, fecundando a eterna companheira gaita-de-foles. De talhe rústico, cinzelada pela mão experiente de um formão de décadas, incorporava nas suas madeiras as modas das gentes. Esta pousava docemente à ilharga direita do Viagente, assumindo-se como uma irrefutabilidade na vida. A sua forma curvilineava o corpo do homem, num erotismo dialéctico de entrega. Era a sua parceira de todos os momentos; companheira nas pulsões vitais, insuflada em carícias, no amargor da solidão e no êxtase de uma alegria comunitária. Dormia a seu lado, em sensual abraço e acordava eroticamente, lançando Música ao silêncio. A circunstância é revestida de melodias compostas por notas de outras eras. A sequência que deixa passar por entre os dedos exprime-o sem espaço nem tempo. Rasgando a urdidura diacrónica, dançam consigo corpos trigueiros ao som de uma vida ainda não tocada.

E caminha, com dedos dialogantes pela gaita-de-foles. Uma fogueira centrava misticamente a comunicação entre velhos amigos. O ar sonorizava-se numa melodia composta por guitarras, adufes e uma gaita-de-foles distante do tempo e em união. Circularmente, corpos moreno-tisnados, semi-despidos, dançavam. Raparigas de rosadas faces incitavam as carnes à folia, ao som de um tempo telúrico. As cores do fogo alimentavam matizes na pele parcamente coberta. Eram elas que sentiam a música desde os confins do Universo até à presença de si. Dançavam bacantemente, espargindo vontade de Vida. Era uma fogueira: crepitavam ritmadamente taliscas de pinho verde, aromatizando em perfumes feminis o espaço. As chamas aqueciam a memória e as saias levantavam ao vento da Música. Era o encontro de harmonia com um lado escondido, que esperava na ansiedade momentos comunitários.

E caminha… O regato descia em sorriso os degraus cavados nos seixos da memória, lapidando as arestas graníticas da existência. Avançava numa determinação certa de uma foz desconhecida. Seco de sentir, o Viagente aproxima-se, chegando o odre vazio, que tinha preso ao cinto, à água que escorregava. Bebe. Na sua garganta seca, caem-lhe gotas puras de essência de vida: mata a sede. Mergulha-se em plenitude, confiado na preciosidade do conteúdo. Renasce numa esperança de se encontrar. Enche o odre e renova a vontade de existir em Viagem. Recomposto nas energias vitais, ignora o caminho que deva ser trilhado. Caminhar… Mas por onde? Qual o sentido? Há sempre um valor por baixo da aparente terra que pisa, uma moral que se estende… em nós. Tira o mapa onde habitam as estradas plausíveis e as que estão na possibilidade do seu ser. Tantas e de tão árdua leitura!... Afinal, qual é o norte? Sou? quem? Vou? por onde? Agarra-se, suando, à bússola guardada meticulosamente no alforge, que magnetizava o seu querer ser. Ela aponta-lhe a sua direcção, o seu Norte: sair ao encontro de alguém. A Vida só existe quando falamos com alguém. Direcciona a sua rota para o povoado mais próximo, avançando para ele resoluto.

Orientado pelo alto de um cata-vento que mostrava as oscilações dos elementos, calcorreia os lajedos humanizados. Neles cresceram gerações de homens que ambicionaram encontrar-se no campanário que altaneiramente lhes dava a fugacidade do tempo. À sua frente uma igreja. Gentes passeavam pelo adro. O relógio parado marcava a hora que nunca chega. No tanque, em águas cristalinas de esperança, lavavam-se cueiros de homens a haver. Nas pedras do caminho batucavam cascos de gado pachorrento, que ordeiramente seguiam o seu pastor. O almofariz na botica esmagava com o pilão drogas que minimizavam as agonias dos enfermos. Pedras quinadas de um dominó secular matavam o tempo aos velhos que, na placidez de uma vida feita, aguardavam pela estrela da noite. Dois anciãos sentados no banco olhavam o passado nas crianças que brincavam ao futuro; uma mãe abraçava o filho desde o primórdio da existência, sussurrando-lhe a verosimilhança de uma vida. À frente, as crianças brincavam à malha com a lenda dos velhos. Uma vendedeira apregoava palavras que se suspendiam em repetição. Ao lado, uma criança derruba a malha e um velho sorri. Conta, agora, uma história. História escondida algures atrás dos ponteiros parados do relógio da igreja.

Impelido sempre para o adro do campanário, o Viagente procura a hospitalidade de um acolhimento. De pés inchados e desgastados pela eternidade de uma caminhada, busca abrigo num conforto do sapateiro. Homem de labor, de mãos calejadas pelo martelo que cinzelava o cabedal rude, foi ensinado pelas gerações a conferir liberdade àqueles que queriam andar.

Na oficina pairava um ar fétido e inebriante de colas e graxas. Está escuro. O sapateiro imergido na sua arte apercebeu-se da entrada de um alguém. Cindidos pela distância do balcão, o artesão perguntou ao que é que vinha. Meras palavras, saídas a custo, perguntaram, com intuito apenas de saber se era possível fazer umas simples sandálias, daquelas de couro, com palmilhas resistentes mas leves, era capaz de as fazer? Está escuro. E o sapateiro ergue-se por trás do avental de couro roçado. Um traço de luz imergia de um cristal vítreo, iluminando a sua face. Distinguiam-se cicatrizes por cima do suor. Suava pelos poros o cansaço do trabalho. Em tronco nu, aproxima-se do balcão. O avental de couro protege-o da imensidão do seu corpo. Olhava o Viagente que recebia a luz nas costas. Como uma lixa, a voz constrangia-o. As barbas duras prolongavam curtas palavras que ainda ecoavam: ao longo destes anos sempre o fiz, com a esperança de dar sandálias àqueles que caminham, enquanto daqui os vejo ir e partir. O ferro em batimentos sincopados latia um tilintar entre o martelo e o couro rude, mas ávido de ser humanizado. Em tiras suaves a peça foi esculpida, até dar formas a rudimentares calígulas de resistência intemporal. Entre pausas de colcheias, o sapateiro perguntou por novas que decerto o Viagente teria, tradição de almocreve, reminiscência de um Mercúrio alado em metáfora. O cheiro a cola e a graxa deixam de perturbar o Viagente. Falam amenamente sobre a Viagem que este iniciara. Finalmente, recebe as sandálias e sai da oficina.

Cá fora, no adro, os velhos à espera do relógio parado da igreja. Já não havia crianças. Os velhos olham a torre. E o apelo da vendedeira está ainda preso aos ponteiros. Mas os velhos não querem comprar nada, permanecem sentados à espera. O Viagente segue, em passo lento, elegendo o caminho plausível. O povoado está em silêncio. As pessoas estão recolhidas no calor do lar, deve ser hora do jantar. Na distância, retrocede o olhar para eternizar os momentos. Mas sabe que não pode parar, ainda não é tempo. Há ainda um sentido para encontrar. Caminha. A estrada saída do povoado crescia até aos interstícios do horizonte. Acalentado pela suavidade humana das sandálias, sentia-se agora confiante para continuar a labuta da sua jornada. O pó da estrada parecia-lhe menos agreste, o calor das pedras não o perturbava na sua incursão. As plantas dos seus pés, até então em chaga, tinham a confiança de um progresso. Em campo aberto, o trilho era interrompido pela continuação do ribeiro onde matará a sede. O Homem tinha edificado uma pequena ponte românica, maciça pelo tempo, de pedra granítica cinzenta, sulcada pelas rodas de carroças. A sua curvatura impedia, momentaneamente, de vislumbrar o resto do caminho. Estanca a marcha, senta-se numa pedra que a ponte lhe havia cedido. Parado no seu recato, retira do alforge o diário para nele se inscrever.

Domingo, Junho.

Querida companheira,

Aqui sentado, pouso finalmente a minha vida, suspenso em estagnação. É o momento de me viver.

Há muito que me tenho procurado nas flores e no vento que me fustiga a cara. Sinto-me todas as vezes em que tenho vertigens de mim e tropeço no olhar de cada sentimento. Temo as vezes em que me perco em reflexões etéreas que não me encontram. Já é longo o caminho e ainda não sei qual o destino que procuro. Olho em volta, na ânsia de encontrar o sentido, não sei… Talvez o sentido que a paisagem tem de ser. Talvez o sentido dela em mim, não sei! O tempo tem-me castigado as carnes em feridas contínuas, indeléveis no tempo: vicissitudes daqueles que não temem seguir pelos espectros criados no Homem. Os caminhos são espelhos onde se esboça a ânsia de me sentir. Tenho medo do que me desconheço, afunilado num tempo que é o meu, mas que o não escolhi; num lugar em que existo, mas que não o procurei. Erro, vacilante, pelos grãos de uma ampulheta que tem descarregado vidas de homens.

Perdido, caminho sem destino por entre os trilhos que a vida oferece. Já canso, mas sinto uma vontade de continuar. Finalmente, ao longe, a presença de um outro igual surgiu na esperança de um povoado. Os passos sorriem na ponta dos meus dedos nus. Corro, andando, sôfrego de sentir o afago subtil e fragrante de uma pele. Há tanta coisa em que penso, em que sinto. Sou uma criança aconchegada à lareira na noite de natal.

No povoado, procurei o sapateiro. E foi lá a minha revelação.

Abri a porta da oficina. Nas cicatrizes dele vi-me em igualdade. A luz nublada circunscreveu-nos em uno. Outro-me em ti, sapateiro, e sei que isto é verdade. Não entendo bem o que digo, mas é tão real. Vou-me sabendo num tu que não se mostra, arrancado a ferros de um ventre sepulcral. Não te expões, dás-te somente nas batidas escravizadas do martelo, que bate seco em pregos de andar. As palavras, por vezes, não conseguem tudo aquilo que pretendo. Ainda te ouço falar…

Sim?! disseste-o. E assim rasgaste a naturalidade de um cumprimento. Parecias triste, desgostoso com as oportunidades que a vida não te ofereceu. Perguntei-te se fazias sandálias de couro, simples, com palmilhas resistentes mas leves. Há anos que as faço. Falaste, num tom seco de amargura, em que se podia adivinhar um saber que te foi obrigado ao longo do tempo; um saber-prisão com que te foste enovelando até desencontrares a saída. Os teus olhos, apagados para a esperança, eram baços de tons sonho-esvanecido. Nas tuas palavras vislumbrei um espaço onírico, escondido atrás do brilho inexistente dos teus olhos. Estás resignado, bom sapateiro, com a vida que te foi possível. A tua circunstância amarrou-te à desesperança de um fazer não inteiro. Num sorriso de amarelo acre-limão desenhaste todo esse sentimento de um não-preenchimento que já não cabe em ti. O parado da frase fez-me encontrar-te estanque no princípio da viagem que nunca pudeste fazer. Não choras… Não choras, porque te instalaste nesse teu mister e nele vais alimentando os teus dias de concretização, vivendo na tarde da tua meia-idade. No teu jargão de monotonia arremessaste Deixa-me ver o tamanho do teu pé. Aliada à tua preocupação de uma frieza técnica, creio que ainda tens a curiosidade de saber as consequências explícitas de uma errância. Ofereci-te o meu pé descalço e gasto pela dureza da viagem. Mediste menos o pé do que as cicatrizes e desenhaste cada uma delas na vertigem da angústia que tinhas guardada atrás do avental. Esbatida no esboço de uma sola, quiseste em devaneio pensar como terias sido se a oportunidade te tivesse sido dada. São os resquícios da força flamejante que ainda te percorre, mas que já não te abraça num ímpeto de jovialidade. Por um momento, uma faísca de sonho iluminou a oficina.

Mas depressa compreendeste que a necessidade do teu ganha-pão te levava para a contrição do teu banco, assento que fora dos teus antepassados, que mais não te puderam deixar do que uma possibilidade de ser. Depositavas no teu serviço um empenho visceral, acalentando em mim a força que te tiraram. No entanto, uma pergunta surgia-te desde o tempo em que acreditaras poder trilhar o teu destino. Era uma pergunta que estava escrita por baixo da curiosidade. Uma pergunta que estava presa à infância, no tempo em que o silêncio da resignação dos homens ainda é impossível. Então… e o que é que contas? E eu contei… e uma chama brilhou nos teus olhos como o fascínio da descoberta. Mecanicamente, prosseguias o trabalho, unguentavas-te com as palavras que eu te aconchegava à face e sorrias. Um sorriso dos antigos… tão antigo como a tua infância. E sorrias, perfumado em leveza, aspirando a tua vida no momento em que as rugas ainda te não oprimiam. E contava entusiasmado mais contigo do que com a minha aventura. E tu trabalhavas na possibilidade irrealizável de uma concretização feliz. E sorrias fascinado com os mundos que te dizia. Sorrias para mim, genuíno e desprendido do que és. Sonhavas, certamente. Nesse local construíste um novo lar, encontraste uma mulher. Vejo-a por trás do brilho dos teus olhos. Como é bela! E estás abraçado a ela suspenso e leve como a vida deveria ser. Sorris e eu conto. O sonho é cada vez mais real; acaricias o trabalho como o corpo de uma mulher. Ainda sorris para o sonho que finalmente ousaste cobrar à vida.

Recebi, por fim, o fruto do teu suado labor. Entregaste-as briosamente em minhas mãos. Suavemente, toquei as tuas e auscultei o saber que elas guardavam nos calos. Foi um toque subtil e rápido, mas que me pareceu uma passagem de testemunho – a tua imortalidade em mim. Agarrei as sandálias e calcei-as para te corporizar na minha existência. Queria que viesses comigo também pela magia da minha leitura do mundo, embrenhado pelo meu respirar das coisas. A hora ia afastando-se no relógio da torre que teimava aquietar-se num infinito estático. Tinhas dito Ora aí estão. Faz uma boa viagem. Adeus…A este adeus que eu tinha a certeza de que não veria mais uma saudação de regresso, nada te disse. Como de um defunto, guardei uma última imagem de um tu vivo. Não importava o nosso reencontro, mas sim as sandálias que me fizeste. Podiam ser de um cabedal acabado de curar, mas consubstanciavam a força de uma geração de homens. Deste-me naquele momento a possibilidade de prosseguir a minha jornada. Sabia-lo, se o sabias… Por isso, deixaste-te embrenhar nas minhas historietas de ínfima importância. E depositaste nas minhas sandálias, que eram tuas e ainda o são, a oportunidade de continuar simplesmente a andar. Quiseste, ai como o querias! que eu não parasse, porque vias em mim a tua possibilidade de ser. Quiseste ser num outro que nem sequer conhecias. Viste-me como um filho que nunca tiveste, testamentando-me a tua única réstia de esperança. Teu herdeiro, imortalizar-te-ei somente porque levo de ti umas sandálias, couro humanizado pelo ser de homem.

Caminhei até chegar à margem do ribeiro. É o final de uma etapa que agora começa. Estou do lado de cá e bebi o que o cá me quis dar. Verei o lá depois, não importa. Agora, ainda olho as sandálias que me protegem estes pés. Perfeitas! Amanhã poderão ser outras, não sei… Bom sapateiro, as tuas palavras viajam em mim, num eu que não o será eternamente em mim. Já são minhas, porque o foram tuas e são tuas. Olho as sandálias... Estar-me-ás para sempre gravado nelas. É com elas que subo ao mundo na esperança de encontrar alguém que se eternize na minha (ainda não) imortalidade.

É tempo de continuar. Seguirei, incerto que estou no meu agir de ser.

Beijo-te, companheira, na simplicidade de um até breve…

Escreve, sentado naquela pedra em que se tinha demorado, como se estivesse a olhar o mundo do alto de uma falésia para o interpretar. Fechou o diário, com a certeza de que não o demoraria muito a abrir. Sente agora o vazio que o impulsiona para a reflexão. Vê-se transfigurado nas águas do rio que lhe passa aos pés. Há urgência de seguir Viagem. Nela entenderá de que verdade se veste o mundo. Aprendeu com o sapateiro que cada homem constrói em si uma possibilidade de ser no mundo. Aprendeu que em humildade se constrói a vida, através do que o Outro tem para contar.

O Homem é a dimensão da sua amplitude em que se mede e move. Cabe ao Homem entender a Vida como uma deambulação vadio-consciente de um sentir inquieto, em que a errância é uma demanda pelo Ser, alicerçando-o sobre o paradoxo da verdade que se vai criando. Na sua dimensão de ser, a Vida é-lhe a capacidade de se consubstanciar num continuum dinamismo como realidade em si e de si em oximoro, porque lhe permite ainda existir. A antítese sustenta a universal verdade refractada, da qual o Homem faz parte: Ele é em si e de si mesmo um (in)constante paradoxo.

André Matias

Ricardo Oliveira

1 comentário:

Cristina Silva disse...

Fantástico, lindo, puro...
Fizeste-me sonhar e estar onde o viagente estava...
Vivi a mensagem...Vivi a história, bebi todo o sumo que poderia tirar dela..

parabéns...